sexta-feira

- O beijo de despedida -

Um olhar perdido, um filme rodando na cabeça, talvez vários ao mesmo tempo. Talvez só esteja perdido. Um olhar que cruza com milhões enquanto espera no ponto de ônibus sentado, não no banco, no chão. Milhões de mundos no olhar, milhões de olhares num só mundo. Não, ele não é como qualquer outro, afinal no chão não se senta, só se pisa. Mas ele ta no chão. Então que pisem nele também, é o que dizem os que nem se importam com o gênero do filme. Os som das pegadas soa como badaladas de um sino em Notre Dame. Então ele decide mudar a direção do olhar, mudar o filme talvez, mudar a trilha sonora, e sai passeando pela calçada como se estivesse vestido para um baile. Olhares de nojo, descarte, preconceito, os piores. É, ele sente cada um desses como mais uma facada no estomago vazio. Vazio a tanto tempo, que ele nem sente, a dor ja é uma companheira de vida, a fome é só mais um espinho na barriga. O outro lado da rua o convida pra mais uma tarde de bate-papo, e ele aceita. A faixa de pedestres lhe deseja um bom dia, e o carro o faz aceitar um beijo de despedida e acelera pra que não seja culpado pelo atropelamento.
-Ah - diziam os que passavam - é só mais um mendigo bêbado e sujo!
Mas era uma vida, uma vida bêbada, mais uma vida.
~

2 comentários:

vaaaaaaaaaani :* disse...

TA FOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOODA
O TEXTO!

Unknown disse...

este texto,como os demais, está super bem feito! naum sei a qual escola literária o autor + se enquadra e se indentifica ! mais ele eh impressionante.. faz textos q nem todos os leitores interpretam .. isso eh o diferencial dos textos.. as linhas finais sempre deixam uma....