terça-feira

Estou de luto. Luto do qual não sei se sairei ou se quero sair. Luto não só de vestir preto, mas de vestir qualquer cor e não sentir-se adequado a nenhuma delas.

Acho que não luto nem lutei o suficiente pelo o que quero. Talvez por saber que não vou conseguir. E sem esse pedaço nada valerá a pena.

Amanhã tudo isso terá passado. Depois de amanhã voltará, mais forte talvez. É um ciclo. Um circulo de fogo que vai cauterizando paulatinamente os sentimentos. Modificando-os. Não deixando que sejam os mesmo nunca mais.

Se chegar aos sessenta, serei mais duro que minha cara de pau. Como posso ter a ousadia de ainda sentir isso? Puno-me. Rasgo meu cérebro em trilhões de pedaços para parar de sentir. Ele se regenera.

E eu, andando pelas ruas com cara de nada, ainda me vejo procurando um rosto onde não tem. Esse rosto de duas ou mais caras. Que late, morde, lambe e não decide se prefere ferir por diversão ou deixar que alguém o abrace.

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