domingo

Eu estou invisível
Andando para todos os lados
Esperando que algo aconteça
Na verdade, não sei se espero
Acho que acredito demais
Talvez seja uma parte de mim que não entendo
Ou apenas criação da minha mente
O que acontece comigo é que olho para os lados considerados errados
Essa beleza comum não me atrai, não me satisfaz
Eu precisa do defeito, da diferença, da tragédia, do lado negro
Eu faço parte dos que choram, dos que procuram motivos para chorar
Me agradam os olhos borrados e inchados
Os dedos nervosos, o corpo jogado ao chão pela madrugada
E não adianta que digam que estou num caminho perturbado
Disso eu sei desde o primeiro dia em que tomei consciência da minha existência
O melhor é não saber o por que
Sem saber eu posso inventar, criar, imaginar
E isso não me desanima, não me desmotiva
Acredito, sonho, luto com o que tenho
Com o que acham que não deveria ser
Que seria melhor ser uma cópia
Alguém que abaixa a cabeça
Que se esconde, que teme alguém sem poder algum
Ninguém deveria exercer esse tipo de falso poder sobre o outro
Não se pode controlar o que cresce dentro de alguém
Principalmente inconscientemente
Hoje me perguntam por que eu sempre fui diferente
E acham que eu posso responder
Como poderia?
Eu não sei!
Se sou assim algum motivo existiu
Ou talvez nenhum
Nem tudo é criado para ser explicado
O que talvez seja certo para mim
Para alguém pode ser totalmente errado
Equivocado
Imaturo
É apenas uma fase
Inferno
Céu
Deus?
Deuses?
Homens que afirmam amar-se
Mas que em todos os momentos em que se chocam julgam-se
Os dedos são apontados, o amor desaparece e a dúvida encharca suas mentes e corações
E não conseguem pensar que nem todo mundo nasceu para ser igual ao outro
Que alguns escolhem ser felizes de uma maneira burra
Sorrindo para todos os lados
Na verdade por fora é tudo plástico e na solidão rios de lágrimas
Outros escolhem simplesmente chorar
Colocar para fora sabe-se lá o que
Mas colocam
Ninguém sabe o que é melhor
O que é ruim
O que se sabe é que tudo isso desaparece em algum momento
Volta mais forte
Ou simplesmente se torna dispensável, inexistente
A vida se desfazendo enquanto não se olha para dentro
Aguento firme enquanto não chego num lugar irreal para mim
Esse lugar que tanto desejo
Sorrio e chorro sem medo de assumir
Não me faz menor, não me faz mais fraco
Nem mais forte.

segunda-feira

Eu fico inventando mentiras para me confortar
Procuro dentro de mim um pedaço seu que há muito tempo escondi
Deveria ter jogado fora
Na verdade não sei
Quando o encontrar o que faço?
A razão e a emoção ficam tão confusas quando o assunto é você
Tudo passa a ser embaçado
Sabe aquele calor gostoso de quando se toma banho morno de madrugada?
É você para mim
Num ato de desespero misturado com solidão e mesclado com carência eu fecho os olhos, deitado na cama, e finjo que você está ao meu lado
Ouço a respiração, sinto o teu calor vindo em minha direção
Será que poderíamos considerar que não estás dentro de mim?
Não sei a textura tua
O teu gosto
Simplesmente não os conheço
E se passasse a conhecer e não fosse tão bom quanto o esperado?
Acho possível, mas não no nosso caso
Eu aceitaria que a minha alma se juntasse a tua tendo o cheiro que tivesse
Faço sacrifícios desnecessários e não consigo te falar tudo o que quero
Não sei quando, não sei como
São apenas planos
Mas são coisas que eu quero ter
Que estão dentro de mim
E você faz parte delas, de uma grande parte delas.

quinta-feira

Retornar de onde se escondeu esse tempo todo

Voltar a mexer comigo sem me deixar escolhas

Não sei para onde olho, onde eu coloco a minha falta de senso

O que restou da outra vez deixou um buraco que insiste em ser completo pela mesma matéria

Você

Que eu deixei escapar, gritei por dentro mas não havia nada a ser feito

Agora aparece e minha barriga congela

O que será isso? Amor ou apenas um sabor não provado?

Um pedaço que não era meu, que não é, mas que acaba sendo

Eu não sei escutar essa música sem dançar

quarta-feira

Não me importa que dia é hoje
Há tanto não sei o que é isso
Que não sei o que é carinho, amor
Me sinto seco, desfalecendo
Azedando e morrendo um pouco mais a cada instante

Não espero mais pelo amanhã
Ele que venha até mim se quiser
Eu não corro, paro e olho ao redor
Queria ver alguma coisa além do que não me agrada
Mas o que me agrada? Do que eu realmente gosto?
Infelizmente, nesse momento, acho que não sei
Um dia já soube ou achei que sabia

O que acontece agora é que não me encontro
Estou vivendo pronto, esperando o ultimo suspiro sem medo
Na verdade o que não me fazia querer morrer era a cara das pessoas no meu enterro
Sim, eu sempre pensei nelas
Agora eu não me importo com o que sentem ou o que vão pensar
O sofrimento é meu e com ele faço o que bem entender
Talvez um dia eles sintam como eu, em outra vida
E eu não acredito que haja outra

Escrever não é somente o que mantém vivo
Existem outras coisas que me fazem ficar um pouco mais por aqui
O tempo é indeterminado e pra mim tanto faz o que vem amanhã, mais uma vez.

sexta-feira

Os dias vão passando cada vez mais rápido
Voltei a minha velha rotina de querer não viver cada dia
Só acordo quando to afim
E só durmo quando estou esgotado
Não sei o que eu quero que passe logo
Se é essa vontade
Ou se é só o tempo mesmo

Não tenho ninguém para querer ver
Nem nada para fazer
As noites são longas e cheias de vazio
Assim como eu.